COVID
Mas veio a pandemia do novo coronavírus e a corrida é mundial pela descoberta, em tempo recorde, de 1 imunizante capaz de fazer o planeta voltar ao normal. Dentre as pesquisas mais avançadas em desenvolver a vacina, há exemplos que usam a ideia do RNA.
Conforme explica o médico Jorge Elias Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor), a técnica consiste em fazer com o RNA mensageiro entre na célula com uma mensagem da proteína imunogênica, desencadeando sua produção e exportação para fora da célula. O sistema imunológico, consequentemente, reconheceria isso como uma proteína estranha.
“Existem várias candidatas a vacinas [contra a covid-19] sendo testadas atualmente que funcionariam assim. Dentre elas, duas das mais avançadas”, comenta ele.
No caso da vacina contra zika cujo artigo foi publicado nesta sexta, Dong Ju e sua equipe fizeram adaptações na técnica para que o RNA se autoamplificasse. Esse foi o pulo do gato para que a imunização, ao menos nos testes com animais, fosse eficaz. Ele reconhece que em condições normais o desenvolvimento de uma vacina deve levar anos. Mas acha que as pesquisas urgentes que vêm sendo realizadas por conta do coronavírus podem ajudá-lo.
“Temos esperança de que a aceleração da tecnologia, por meio do processo colaborativo [com os pesquisadores de coronavírus], possa impactar os prazos de desenvolvimento de potenciais vacinas baseadas em RNA”, afirma o biólogo. “Mas isso precisa ser analisado à medida que formos acompanhando o progresso feito com as vacinas contra covid-19.”
BRASIL
Depois do boom de 2015 a 2016, os casos de zika no Brasil caíram significativamente. Se ao longo de 2016 foram registrados 215 mil infectados pelo vírus no país, nos primeiros 6 meses de 2020 os dados do Ministério da Saúde indicam apenas 5 mil.
Não há uma explicação clara para o fenômeno. Segundo Granato, as hipóteses são de que o zika “perdeu na competição com outros vírus, como o da dengue, que segue firme e forte”; que a infecção tenha se tornado mais branda, do ponto de vista clínico; ou, menos provável para o médico, que nos locais onde o vírus teve mais impacto “a população de suscetíveis saturou”.
Se por 1 lado os dados indicam 1 bom cenário, por outro isso dificultaria a aprovação de uma vacina definitiva. Isto porque a fase 3 dos testes de 1 imunizante, segundo os protocolos, são os testes em massa. “O grande problema de uma vacina contra zika hoje é que não se pode chegar a essa fase, porque ela exige a doença ativa”, diz Kalil.
Isso não significa, de forma alguma, a interrupção das pesquisas. Conforme explica o médico, o melhor a ser feito é evoluir nas fases anteriores a essa final, deixando as vacinas “prontas”. “Então, se por acaso vier a começar algum novo surto de zika em qualquer lugar do mundo, é possível testá-la”, explica.
Fonte: Poder 360