Em entrevista ao Canal Livre desse domingo (31), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou as razões dos juros elevados no Brasil. Ele destacou que a explicação vai além da questão fiscal, que é comumente citada. A política cambial e a vulnerabilidade da moeda brasileira também desempenham papéis importantes.
Juros e a função de moderar o dólar
Quando perguntado sobre os juros altos, Haddad afirmou que o tema é complexo. Ele explicou que, muitas vezes, a taxa de juros no Brasil tem a função de moderar o comportamento do dólar. “A economia brasileira é muito aberta. Nossa moeda fica vulnerável a movimentos especulativos”, disse.
Haddad também relembrou a crise cambial de 1999, quando o Banco Central elevou a taxa de juros para 45% após a desvalorização do Real. Ele argumentou que a medida visava conter a volatilidade cambial, e não o controle da inflação.
A vulnerabilidade da economia brasileira
O ministro explicou que a grande liquidez e a alta negociação do Real no mercado internacional tornam o Brasil vulnerável a flutuações externas. Como resultado, a autoridade monetária frequentemente precisa pagar um prêmio de risco maior para atrair capital e estabilizar o câmbio.
Contraponto à tese fiscal
Sobre a tese de que a questão fiscal é a principal causa dos juros altos, Haddad discordou. “Na minha opinião, não é isso que explica o excesso de juro real no Brasil”, afirmou. Ele defendeu a gestão fiscal do governo, que, segundo ele, já reduziu o déficit estrutural e as despesas da União em relação ao PIB.
Embora o controle fiscal seja relevante, Haddad concluiu que o problema dos juros é mais profundo. “Os juros no Brasil transcendem a questão fiscal”, finalizou.
Fonte: Portal Paraíba.com.br com BAND