O bebê Bernardo, que há cinco meses está internado em tratamento no Complexo Pediátrico Arlinda Marques, embarcou ao lado da mãe nessa quinta-feira (27), no Aeroporto Castro Pinto, na Aeronave do Grupo de Resgate Aeromédico Estadual (Grame), em direção ao estado do Paraná, onde está um dos únicos hospitais referência para o tratamento Síndrome do Intestino Curto.
“Meu filho nasceu com uma malformação no intestino, que decorreu em volvo intestinal e a gente veio imediatamente da maternidade para aqui. Ele passou por duas cirurgias e, depois da segunda, a gente viu que ele não conseguia ganhar peso. Meu filho foi diagnosticado com a SIC, síndrome do intestino curto”, relatou Kalyne Torreão, mãe do bebê Bernardo.
A necessidade do translado do paciente para outro estado se dá pela especificidade do agravo, sendo poucos hospitais no Brasil que podem reabilitar casos do tipo. O volvo intestinal é quando o órgão dá voltas ao próprio redor, ocasionando a interrupção do fluxo sanguíneo e consequente a necrose das alças intestinais. O tratamento depende da gravidade clínica de cada caso, e no de Bernardo houve uma situação de urgência, e o paciente passou pela primeira cirurgia com apenas um dia de vida, como conta a médica intensivista da UTI Pediátrica do Hospital Arlinda Marques, Sheila Dias.
“Bernardo é uma criança que nasceu com uma doença congênita e foi transferido com um dia de vida para fazer essa cirurgia e desde então a gente vem nessa luta pela sobrevivência dele. É uma criança que evoluiu com um quadro de intestino curto, e necessitava de cuidados de UTI, com necessidade de ganho de peso, de nutrição parenteral e medicações. Transferir Bernardo para uma das unidades referência no País nos traz um sentimento gratificante e de alegria”, relata a médica.
O paciente foi transferido da Paraíba até o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), unidade de saúde de alta e média complexidade, que recebe pacientes de todo o país, disponibilizando atendimento em 32 especialidades médicas. O translado de Bernardo é resultado de um esforço conjunto entre a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Complexo Regulador Estadual, e da Secretaria de Estado de Representação Institucional, que estiveram empenhados em viabilizar a vaga para o tratamento da criança e prestar suporte à família, bem como a Secretaria de Segurança e Defesa Social, por meio do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, além da parceria com as instituições co-irmãs Corpo de Bombeiros Militares dos estados de Minas Gerais e Paraná.
“Eu fui chamada na secretaria de saúde para uma reunião, e assim quando eu cheguei eles se mostraram empenhados em conseguir, independente de onde fosse a vaga do meu filho, fosse em São Paulo ou fosse Curitiba, que são referência. Ali eu imaginei que tudo ia dar certo que eles estavam esforçados para conseguir levar o meu filho. Eles foram muito humanos”, conta Kalyne.
O secretário estadual de Saúde, Jhony Bezerra, enfatiza que o caso demonstra mais uma conquista no processo de ampliação à assistência em saúde para a população paraibana. “As UTIs Aéreas do Governo do Estado servem para encurtar a distância no tratamento de pacientes como Bernardo, que necessita de uma assistência especializada restrita a uma região específica do País e que pode ser viabilizado pelo SUS. Nós damos o máximo de celeridade e condições para esse tratamento fora do domicílio seja realizado por pacientes de toda a Paraíba”, ressalta o secretário.
Para a mãe de Bernardo, tudo se resume em uma palavra: “Gratidão. “O sentimento que eu tenho é gratidão, porque foi uma trajetória longa. A gente como mãe só quer ver o nosso filho bem, que o tratamento dele dê certo e que logo, logo a gente leve ele para conhecer a casa dele. Ele é um guerreiro que já me dá muito orgulho”, expressou Kalyne. A trajetória da mãe e do paciente começou há 5 meses, já a nova jornada dos dois teve início com a transferência às 2h da manhã desta quinta, e a chegada no aeroporto paranaense às 14h. Devido à distância, foram necessárias paradas técnicas para abastecer a aeronave. Uma equipe de profissionais multidisciplinar esteve envolvida para prestar todo o suporte.
Fonte: MaisPB